QUE MULHER NUNCA.....

Pra mim um cafa com C maiúsculo não é aquele que vêm sempre com as mentirinhas mais estranhas, com as historinhas mais absurdas, com as conversas mais bizzaras. Pra mim, cafa que é cafa, do tipo PROFISSA,é aquele que te cozinha em banho- maria bonito mesmo, é aquele que morde e assopra, que tem o dom de te deixar completamente maluca. Que sabe o tempo exato entre um intervalo de um encontro e outro. O tempo exato pra você morrer de saudades e não cair nos braços do próximo cafa da fila.
Queridas leitoras, talvez vocês se identifiquem com a história a seguir, pois trata- se de um legítimo cafa de CATIGURIA.
Para tanto, necessito nesse momento de um Mini- flash back por favor.
Eu me encontrava numa época triste.Ou alegre demais. Sei lá. Tinha acabado de terminar um namoro, e a mudança de status no orkut provocou alvoroço nos ex - peguetis. Eu estava na pista de novo. Meu namoro não era de muitas emoções e a tempos eu esperava pelo tilintar dos sinos.
Pois bem, minha prima ia sair com o pegueti da vez, e me levou junto. Como era uma festa sertaneja universitária famosa, nem me senti mal de ir travestida de castiçal porque sabia que ia encontrar vários conhecidos. Na verdade eu estava meio puta porque o menino que eu estava ficando não ia poder ir.Mas tudo bem, vamos dar início aos trabalhos mesmo assim, vamos pro sacrifício.Fomos todos no mesmo carro, e descobri no meio do caminho que íamos ter que buscar o amigo do pegueti da minha prima que ia chegar da faculdade. E foi aí que deu- se a tragédia.
Logo quando conheci o Sr. Pop Corn já simpatizei, ele fez uma gracinha, e só Deus sabe como eu gosto dos engraçadinhos. Ele era charmoso e me lembrava alguém. Isso já devia ter sido indícios suficientes pra eu não ter mantido mais contato visual.Eram provas cabais da anunciação do apocalipse que viria a seguir.
Naquele dia eu não estava a fim de ficar com ninguém. Primeiro que o meu pegueti(aquele que não tinha ido)era também amigo do pegueti da minha prima, e segundo que, naquele dia na festa tinham milhares de vítima em potencial e eu não queria queimar meu filme já assim na largada.
Mas de repente, com o aumento do teor alcóolico, senti que o Sr. Pop Corn me olhava com um certo olhar predador.E, já é de conhecimento público que cafa de carteirinha não se dá por vencido né, minha gente?
Eu estava lá, usando as mais variadas técnicas de desvencilhamento e o cafa insistindo, até que, já nos acréscimos,prestes a se ouvir o apito final, o Sr Pop Corn marcou o golden gol. Amigas, foi aí que os sinos tocaram, os sinos não, eram as próprias trombetas anunciando que o calvário ia ser penoso.Não sei como aconteceu.Só sei que voltei pra casa achando aquilo tudo muito estranho( e- muito cor- de- rosa- e- muito- lindo- e -muito -fofo.).
Ainda motivada pela espécie de transe ( e de álcool) que me consumia, procurei, achei e adicionei o cafa no orkut as quatro horas da manhã.Ok,Segundo passo foi adicionar o Cafa no MSN.Conversinha vai, conversinha vem, descobri que tínhamos várias coisas em comum. Daí pronto. Daí pra achar que estava diante da minha própria alma gêmea foi um passo.
Ficamos algumas (várias) vezes e depois de um tempo achei que tinha chegado a hora de dar um passo adiante.
Sabia que o quadro de paixonite aguda já estava alto, que corria o risco de passar instantâneamente pra paixão aguda grave, mas mesmo assim assumi a responsabilidade.
Foi aí que o quadro delirante começou. A química era perfeita, sintonia total, ou seja, eu estava literalmente lascada.E foi aí também que eu comecei a namorar platônicamente, ou seja, eu namorava com ele já, mas ele, obviamente, não sabia.Ele esqueceu de ler a parte do script em que ele se apaixonava perdidamente por mim, vejam vocês
Era legal demais, até a sensação é boa de lembrar, de gostar muito de alguém, de ver a pessoa e esquecer o que ia falar, de sentir o trimilicar das pernas, o coração disparar.
.Mas começou a desandar quando eu percebi que era só aquilo e pronto, e nunca ia passar daquilo. Quando os encontros passaram a ser nas quartas- feiras entediadas e nos domingos chuvosos.Quando às vezes ele fingia que não me via na balada.Quando eu chorava escondida por ele ter ficado com alguém na minha frente.Porque era uma coisa que significava muito pra mim.E eu não sabia se significava alguma coisa pra ele.E era o melhor sentimento que eu tinha. Por isso era tão difícil ficar sem respostas.
Mas por outro lado, era muito legal quando a gente ficava. Mas como aquilo já se arrastava a muito tempo, eu tinha que dar uma satisfação à sociedade, e a sociedade me cobrava diga- se de passagem . As amigas já cobravam. Queriam saber que raios de tipo de relação era aquela.
Eu sinceramente não precisava do título de namorada.Só que era algo que havia fugido ao meu controle.Certas atitudes me magoavam, e era uma explosão e confusão de sentimentos dentro de mim.
Do mesmo jeito que eu era uma mulher moderna que gostava daquela pseudo- relação e curtia exatamente por só ter as partes boas, eu também tinha minhas encanações.Era uma briga feia entre a razão e a emoção.
A decepção grau 12 deu- se quando o cafa começou a namorar, tipo assim umas duas semanas depois que a gente tinha ficado pela última vez, e me comunicou assim sem anestesia.Porque todo o discurso da solteirisse convicta dele, de não querer se envolver caiu por terra.
Não é que ele não queria namorar, ele não queria namorar era COMIGO.E o golpe foi meio duro de assimilar.Tipo assim: "Ãhn?fala de novo que eu acho q tô surda!"
E haja balde e rodo pra secar a choradeira. porque não basta sofrer, tem que se martirizar.
Tem que colocar o DVD da Ana Carolina no último volume e se auto flagelar, senão não tem graça né, não?Mas tudo isso, logicamente, tendo apenas as paredes do seu quarto como testemunhas.Já que é pra sofrer que seja direito, na pose, e escondida por favor.
Não bastasse a dor - de - cotovelo latejante, a namorada em questão ia na mesma van que eu pra faculdade. Ou seja, ela sabendo da minha condição de ex - ficante, ia contando do fim de semana romântico dos pombinhos praticamente com um megafone as 8 horas da manhã.O que me obrigou a tomar uma atitude drástica e mudar de horário na van durante 15 dias pra não ouvir o falatório. Ou seja, eu passei 15 dias acordando as 5 e meia da manhã. Além de estar me sentindo a última mortal da terra, ainda cultivava dois pares de olheiras horríveis por não dormir direito.
Ou seja, além de tudo as chances de encontrar um novo pegueti com aquela cara de urso panda eram praticamente nulas.
Fiquei sem falar com o cafa, deletei do msn, orkut, e todo aquele show costumeiro.
Esse processo durou o tempo récorde de 15 dias, quando voltamos a conversar.
Apesar de tudo, as conversas eram sempre sensacionais, e ele era um "amigo" que eu gostava de ter.
Um tempo depois ele terminou com a namorada, nós ficamos mais umas tantas vezes, até mais vezes do que antes, ficamos mais próximos, mas o detector de cafas ja estava ligado.
Ele voltou com a namorada de novo e dessa vez eu nem sofri(muito).Descobri que toda a parte de almas gêmeas, coincidências, afinidades se encaixavam muito mais perfeitamente na categoria amizade mesmo do que qualquer outra coisa.Talvez promover a amigo uma pessoa que eu gostasse muito fosse uma forma de manter sempre perto.
As coisas não tem que ter um começo, um meio e um final.
E as relações não precisam ter título, de namoro, noivado(algumas vezes tão hipócritas)ou seja lá o que for, pra terem sido especiais.
Basta que tenham sido verdadeiras e intensas o suficiente. E mais do que isso, boas de serem lembradas....
Meu nome é Julieta Arrependida, estou a 3 meses e 18 dias sem manter contato imediato de qualquer grau que seja com algum cafa( eu acho, rs), e SÓ POR HOJE eu vou resistir....


"Que mulher nunca comeu: Uma caixa de Bis, por ansiedade. Uma alface, no almoço, por vaidade. Ou, um CAFA por saudade?"