quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Médico

Gente, a carência é uma coisa triste.Muito triste.Mais triste ainda é o estrago que esta pode fazer em nossas vidas. Se vem acompanhada de uma baixa auto-estima então, a combinação pode ser bombástica, trás efeitos colaterais terríveis e avassaladores. Pode fazer você, minha amiga,independente, inteligente e sofisticada, uma verdadeira mulher do século XXI , se apaixonar pelo Nelson Rubens, no meio daquela bebedeira, as 5 da manhã, na xepa da balada, acreditando ser ele a salvação da sua lavoura. O Gianechini dos seus sonhos. A azeitona da sua empada. É aquele, mesmo, que em níveis diminuídos de carência você nem tomaria conhecimento,de repente se torna o amor da sua vida. E o pior de tudo isso, amiga, você acredita piamente que pode conviver com aquele topete ridículo dele, aquela cabeleira que ele ainda não decidiu se é ACAJÙ ou vermelho Púrpura, e o sorrisinho canastrão, sem contar na roupitcha última moda dos anos 70. Mas você não pode conviver com isso. Vai por mim, amiga,você não pode. Respire fundo e repita comigo agora, isso não me pertence mais.

Eu tenho uma amiga que atingiu o nível super-extra-maxi-power-mega da carência. Ela simplesmente se apaixona por TODOS os caras que ela beija. E se ficasse só na paixão, tudo bem, mas prá piorar ela ainda se martiriza pelo cafa, até que resolve sair, beijar outro e o ciclo se repete numa ciranda sem fim.
Ela é bonita, simpática, inteligente, mas insiste em carregar um imã de bolso e atrai todo tipo de cafajeste que existe num raio de 300 km.
Dentre as histórias que acompanhei, uma merece destaque. Ela estava mal por causa de um cafa que estava indo trabalhar nos “states” e resolveu ir numa festa prá distrair. Era uma dessas festas temáticas de faculdade, em que os homens se vestem de mulher e vice-versa. Festa rolando, galera chapando, aparece o cafa da vez, que aqui chamarei de Médico. Já imaginam, né, festa+bebida+carência=tragédia. Rolou o beijo, alguns minutos de conversa, o suficiente prá saber o nome e o curso que faz, mas no caso da amiga, foram os minutos mais que suficientes para surgir uma nova paixão platônica, dessas que deixa a garota até meio bitolada e paranóica. Logo descobriram vários pontos em comum, ele cursava medicina na mesma faculdade que ela e isso já foi suficiente para que ele instantaneamente fosse promovido à futuro pai dos filhos dela. Imaginem, os dois tinham interesse pela área da saúde, era mesmo uma relação predestinada!!!
Nome decorado, próxima fase, procurar no Orkut e adicionar na cara mais lavada, na certeza de que ele se lembraria dela, afinal, como ele poderia esquecer que beijou a mulher da vida dele na tal festa? Pois é, a amiga descobriu que o cafa tinha uma memória de peixe e mal se lembrava de ter ido na festa. Pensam que a frustração por não ser reconhecida destruiu seu sonho de amor? Nunca, afinal ele era apenas distraído e outras oportunidades viriam. Médico foi até simpático, aceitou a minha amiga no Orkut e até me surpreendeu quando começaram a trocar scraps estabelecendo um contato puramente “profissional” durante algumas semanas, sem contar os encontros casuais nos corredores da faculdade ou na rua dele. É isso mesmo, ela descobriu o endereço dele...
Scrap vai, scrap vem, do nada ele sugere um encontro, com o objetivo meramente didático de trocarem informações acerca de suas respectivas áreas. Romântico, né? Até aí, prá ela, qualquer oportunidade de aproximação era bem vinda.
Gente, era a realização do sonho; tudo era perfeito. Ela ficou aguardando o próximo contato para marcarem o local. Dia seguinte veio a sugestão: ir ao cinema da faculdade pois estava tendo uma semana só com filmes do Almodóvar. Hã? Almodóvar? Pasmem, era essa mesma a sugestão para o encontro de amor dos dois.
Pois é, o médico era cult e queria ver um filme do Almodóvar. Mas tudo bem, qual filme seria era o que menos importava no momento.
Mas uma pergunta não quer calar: Por que tudo isso? Ele nunca ouviu falar em Cinemark? E vamos combina que bom é ir ao cinema e perceber que quase não viu o filme pois ficou ocupada demais com outras coisas beeem mais interessantes.Será que o Médico queria impressionar?
A realidade parecia ser outra, o jeito era encarar os fatos e encarar o Almodóvar também. Tudo pareceria normal se não fosse pelo fato (detalhe) que essa minha amiga bitolada tivesse lido a sinopse de todos os filmes do cara e estudado tudo sobre a ditadura do Chile. A menina podia escrever a biografia do Pinochet sem titubear!!!
Chegou o grande dia e se encontraram para o filme, que na verdade era um documentário que durou cerca de meia-hora (que no caso pareceu uma eternidade). Bom, se no filme o clima num era de início de namoro, a minha amiga que se chama esperança e o sobrenome persistência ficou esperando ansiosa pela parte em que ele, olhando nos olhos dela, ia se declarar, dizendo-se apaixonado desde o primeiro encontro no dia da festa e desde o primeiro beijo(aquele que ele num lembra que rolou, sabem?). Mas, de novo, a realidade descortinou-se na sua frente como um balde de água fria. O assunto não foi bem esse. A pauta do dia foi ciência, tecnologia e prá fechar com chave de ouro, futebol. Claro que ele não podia esquecer de comentar sobre o último gol de placa da rodada. Minha amiga descobriu todas as referências futebolísticas do seu príncipe e assim terminou o primeiro encontro de amor. Com certeza haveria o próximo e nesse sim, ele iria fazer o pedido oficial, né? Quem sabe ele já não pede em noivado, tudo de uma vez?
Mas que mané próximo encontro? Não teve o próximo, não teve nada. E a pior sabem qual é? Diz a lenda que aquele Pit Bull é Lassie, uma biba das mais safadas!!!
Mas pra ela nem todo sacrifício foi em vão, afinal, se não conseguir emplacar como enfermeira, pode dar uma boa escritora ou professora de História. Se cuida Isabel Allende!!!

4 comentários:

Fábio disse...

Isso tudo é culpa do sistema repressor, que faz com que as mulheres tenham sempre ilusões sobre os homens, achando que eles podem resolver todos os seus problemas!
Nossa, quanta besteira! hehehehe
Fala pra sua amiga não reclamar. Poderia ter sido pior. Ela poderia se arrepender de coisas bem mais "íntimas".
Abraço

Julieta Arrependida disse...

então fábio...essa é a famosa CARÊNCIA.....rs

Lorena Ribeiro disse...

A coca era fanta... menina! Ou uma Kuat!

hahahahaha!

Respondendo a sua pergunta, querida Julieta! Sim, voce é um dos meus seis leitores! Antes eram só cinco mesmo!
hahahahah!


beijos!

Cinderela sem Príncipe disse...

É pessoal, e não pensem que parou por aí. Essa minha amiga já engrenou outro "romance" logo em seguida q esse vai merecer outro post. Como eu disse, ela tem imã de bolso prá cafas, rs