sábado, 1 de dezembro de 2007

O Locutor

Este texto é uma criação em dupla, minha e da Cinderela, feito numa sexta- feira brava sem previsão de baladas. Praticamente à espera de um milagre, rs. Com vocês, o Locutor.

“Amigo locutor, eu peço por favor... Toque no rádio essa música beeelaaaa...”

Essa é mais uma história acontecida em meio a imbecilidade infanto- juvenil.Eu tinha 15 anos quando conheci o Radialista. Fui passar férias em Findomundópolis e o felizardo me viu e se apaixonou platonicamente por mim.Como vocês podem perceber, Findomundópolis é o berço esplêndido das aberrações. Pois bem, foi assim mesmo, ele me viu e foi perguntar prá minha prima quem eu era e o meu nome. Até achei engraçado mas nem me interessei em saber quem era o meu admirador.
No dia seguinte, estava eu deitada de bode olhando pro teto ouvindo a rádio da cidade(rádio comunitária semi-pirata) quando de repente uma voz sedutora anuncia: “essa música, Alguém oferece para Cinderela”.
Gente, meu nome não é dos mais comuns numa metrópole, que dirá numa cidade de 6 mil habitantes? Só podia ser eu!!!
Nesse momento, começou minha tragédia. Sem nem ao menos conhecer já me vi encantada por esse “ultimo dos românticos” e resolvi que iria pelo menos conversar com ele.
Assim, nosso primeiro encontro não foi lá essas coisas, ele até tentou cantar Leandro e Leonardo prá mim mas não rolou nada pois nessa época eu ainda era difícil.Eu admito. Foi cafona. Cafona não. Foi cafonérrimo. Reginaldo Rossi ficaria com vergonha.Mas teve lá seu lado romântico, vai?
Combinamos de nos encontrar no dia seguinte na rádio pois eu, expert em música sertaneja ia ajudá-lo na seleção das músicas para o programa que ele apresentava. Nesse dia sim, rolou nosso primeiro beijo e sabem, ouvi os sininhos! Ele era o terceiro da minha singela listinha e mal sabia eu que o príncipe se tornaria sapo em tão pouco tempo.
Começamos a namorar escondido e até aquele momento tinha sido as férias mais incríveis que eu já tinha tido. Nos víamos todos os dias e todos os dias ele me mandava música, umas mais melosa que a outra, indo de João Paulo e Daniel até Gian e Giovanni, passando por Zezé di Camargo e Luciano, “Ô ô ô ôooooo, vem ficar comigooooooo...”
Fim das férias, fim do sonho. Próximo encontro: carnaval!
Sentiram o carma do nome? Carnaval? Pois foi aí que desandou tudo e a trilha sonora do nosso namoro passou a ser “vá pro inferno, com seu amoorrrr...”. Radialista se transformou e foi só chifre que rolou. Passei o carnaval chorando.Até a dançarina da banda brega que animava o carnaval ele pegou. Era praticamente uma Joelma mal acabada (realizaram?).Gente era o ápice da humilhação.O homem que eu julgava ser o homem da minha vida estava atacando de Chimbinha na cara dura, e ainda por cima sapateava sobre meu pobre coração.
Fim de carnaval, quarta-feira de cinzas, sabe como é né?Bate o arrependimento. Toca meu telefone e o radialista novamente se declarando apaixonado ”Depois que se peeeeerde, é que se vêeeee, a falta que faz...”. Iludida e com o espírito de páscoa tomando conta do meu ser resolvi perdoar e voltamos de novo. Próximo encontro: semana santa.
Quem imagina que o espírito Pascal também invadiu a alma do meu amado se engana. Sábado aleluia lá vamos nós para o famoso baile. Ele tinha feito promessa de não beber durante a Quaresma e resolveu tirar o atraso aquele dia. Já até imaginam no que deu né? O Radialista não se mantinha em pé. Encheu a cara.Bebeu todas. E com essa desculpa deu um passeio pela música popular brasileira novamente. Foi de Joelma a Wanderléia, dando bola até pras Anas Carolinas que freqüentavam o local. E o pior de tudo foi ele ter ficado com uma “amiga” (de fé, irmã camarada)minha da época. Que depois ainda teve a PAXORRA de me falar com todas as palavras que tinha cuidado dele enquanto eu estive fora. Eu vi mesmo. Era muito cuidado. Tanto, que ele eternamente agradecido pelo carinho despendido, não só ficou com ela como NAMORARAM durante 4 anos. Depois desse período logicamente que o cafa profissional voltou a me procurar. Fez promessas de amor, lembrou o passado. O bonde já tinha andado. Na ânsia da conversão, se casou com uma irmã de umas dessas Igrejas que eu não me lembro o nome agora, mas era algo do tipo “Igreja Pentecostal da Última Trombeta”. E agora me vê na rua e finge que nunca me viu.Tá legal.Quem não te conhece que te compre.

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