sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O Monitor e a fura- olho

Conheci a fura- olho na faculdade, éramos da mesma sala e íamos na mesma van. Logo ficamos velhas amigas de infância. A fura - olho namorava um vizinho meu a tempos, mas ela se mostrava insatisfeita com o relacionamento e eu sabia que ela dava um cambau atrás do outro nele.
Nesse mesmo tempo que fiz amizade com a fura- olho, conheci o Monitor. Um dia estava eu lépida e fagueira na monitoria de anatomia, quando ele apareceu. Ele não era monitor dessa matéria, mas estava ajudando um amigo, porque era véspera de prova e a sala de monitoria estava lotada. Sentei em uma das bancadas e ele sentou bem em frente a mim. À primeira vista o monitor não me pareceu fisicamente atraente, mas quando ele começou a falar, meu Deus, ele tinha um cérebro! E só Deus sabe como eu gosto de homens que possuem esse acessório!E foi assim. Entre acidentes ósseos de tíbias e fíbulas que eu ouvi o tilintar dos sinos. Eu quase podia ouvir naquele momento Diana ross e LIONEL RICHIE cantando "ENDLESS LOVE" nos meus ouvidos. Foi lindo.Eu nem sabia mais do que ele estava falando. e senti que foi recíproco, o monitor não parava de me olhar.Depois desse dia, toda vez que o encontrava era aquela coisa, oizinho pra cá, sorrisinho pra lá ,conversinha furada. Descobri q ele morava duas ruas pra baixo da minha, então além da faculdade, sempre nos encontrávamos pelos corredores de supermercados, açougues e afins.
Logo descobri também que o monitor tinha um legião de fãs espalhadas pela faculdade, e aquilo me deu uma desanimada, devo confessar.
Um tempo depois teve uma festa aqui na minha cidade. Festa a fantasia. O monitor que era meio nerd, nunca aparecia em festas, mas dessa vez ele estava lá. Um pouco alterado pelo seu alto grau etílico, nem de longe parecia o meu " Einstein", deixou as formalidades de lado, e foi logo me lascando um beijo na boca. Eu fiquei meio atordoada,e meio decepcionada, mas correspondi, e ficamos o resto da noite. A partir daí eu e monitor começamos a ficar com frequência. e já sabia os horários das aulas dele, e ficava anciosa esperando na porta a hora que ele fosse passar por lá.A conversa fluía bem. Fora o primeiro ataque de ogro, ele era educado e atencioso. Será que aquele era finalmente o chinelo velho pro pé cansado?A resposta vem a seguir.
Quarta- feira de forró universitário. Toda minha turma resolveu ir, inclusive a fura- olho.Lembram da fura- olho do começo , né?Então,fomos todos dormir na casa de uma outra menina da sala, que morava em frente a baladinha. Cheguei lá e dei de cara com o monitor e ficamos juntos a noite inteira, mas eu percebia que a fura- olho estava um tanto quanto desconfortável. Passava pela gente de um lado pro outro, falava coisas com as amigas, mas eu, na minha pureza não percebia muita coisa. A fura - olho foi embora e fiquei mais um pouco, o monitor foi me levar pra casa e eu me deparei com a cena mais estarrecedora da minnha vida. Fura- olho estava de pijama no hall do prédio esperando por mim. Nossa era muita preocupação com a amiga que estava apenas do outro lado da rua, né não gente?E isso era coisa de cinco e meia da manhã.Não era um horário muito apropriado. A menina estava quase beirando o desespero e eu não percebi.
Fomos dormir e a partir desse dia a relação com o monitor degringolou. A fura- olho começou a falar horrores dele pra mim e eu, nâ ânsia de evitar a fadiga, acabei desiludindo e me afastando.
Tempos depois descobri que a fura - olho suspeitava que estava grávida. E não era do noivo. Era do monitor.(Isso, mesmo!)
Todo o tempo que eu estava ficando com ele, ela também estava. E agora fazia sentido toda aquela sangria desatada. A minha vontade foi correr pra casa logo em frente à minha e dividir minha tragédia com o não menos corno do meu vizinho. Mas preferi me controlar. Ele mesmo terminou com ela depois de descobertas as patifarias.
A gravidez não se confirmou.
Monitor se formou e voltou pra sua cidade. Dois anos depois encontrei ele aqui em uma festa e ele com a cara mais lavada do mundo e a cara- de pau que lhe é peculiar veio me pedir desculpas e falar de quando tempo havia desperdiçado e todas aquelas histórinhas pra boi dormir que já conhecemos muito bem. Me passou telefone, celular, e-mail, MSN. Saí da festa e joguei o cartãozinho diretamente na lata do lixo.Agora honey, senta e chora. A frase é batida mas é verdadeira. A fila anda.

2 comentários:

Fábio disse...

Eu já vi tantas histórias assim que até perdi a conta. E eu nem tenho 25 ainda, hein.
Tem tantas fura-olhos por aí que é mais fácil achar agulhas em palheiros. Inclusive, conheço uma história muito parecida com essa. Ridículo. Ela e ele também.
Legal saber sobre seu "afrodisíaco". Um ponto para identificação.
Abraço

papodeboleiro disse...

sensacional.... sensacional.... a história por si só é normal... mas o modo d contar ainda é incrível.. hahaha